Recebi do amigo Mauricio Cupello Peixoto
Em uma floresta encantada encontram-se criaturas das mais diversas características. Muitas delas seguem padrões muito bem definidos e outras, uma pequena parte, parecem não se encaixar. Nesse ambiente selvagem destacam-se duas criaturas. Não é pela beleza de suas epidermes ou do alinhamento das cadeias politípicas de seus cabelos, mas se ressaltam pela a incrível capacidade de discussões sem sentido. Sentido pode ser muito lógico no campo da física e matemática onde são utilizados nos vetores mas até mesmo para eles, a resultante final pode puxar a todos envolvidos para uma resposta nem sempre desejada. Mas aqui é onde se encontra a graça dessa floresta: a permissividade da simultaneidade de questões subjetivas. Ora eu vivo, ora quero morrer, ora eu como, ora quero hibernar, ora corro, ora repouso, ora eu brigo, ora eu quero carinho. Ninguém quer ser louco, mas a loucura tem seu valor. O de enxergar o inexplicável, o imprevisto e até mesmo a escuridão. Não precisa ligar uma lanterna ou fazer uma fogueira, essa escuridão acaba confortando o espírito que se prepara e se direciona entre a impermanência e a solidez do acúmulo de respostas adquiridas durante essa caminhada solitária.
Outra pedra dessa floresta: quem disse que as repostas devem sempre existir? De repente devemos preparar nossa alma para se confortar com o acaso, mas estamos prontos para responder questões que antes nunca nos foram perguntadas? Bem, mas nessa floresta também existe a sombra das árvores. São nessas consequências físicas que a mágica pode ser mais do que observada. Nesse local o vazio passa longe. As dúvidas permeiam mas não conseguem entrar, os medos se transformam rapidamente em conforto e bem estar. Entretanto nada dura para sempre e a noite chega e leva com ela a sombra amiga. Assusta ficar sem ela. Talvez falta compreender o poder da noite, e onde toda essa mágica ainda pode estar. Parafraseando Mario Quintana a sensação as vezes é que eu estava dormindo e me acordaram. Ao acordar encontrei o que muitos consideram um mundo louco e estranho, aquilo que para mim é a tal floresta mágica. Compreendê-la é o desafio, e por muitas vezes começo a fazê-lo um pouco, mas aí já é hora de dormir de novo. Nossa, isso cansa. Em uma preguiça que engana a gente. Bem o jeito então é aproveitar os dias, as sombras, pois a mágica aqui encontrada será ainda descoberta na noite. Durante esse período de transformação acredito nos versos do compositor Nando Reis, “Quando eu estiver triste, simplesmente me abrace. Quando eu estiver louco, subitamente se afaste. Quando eu estiver fogo, simplesmente se encaixe. E quando eu estiver bobo, sutilmente disfarce. Mas quando eu estiver morto, suplico que não me mate não, de dentro de ti…”
Mauricio Cupello Peixoto