Bem-vinda!

É com enorme prazer que comunico que este blog recebe, a partir de agora, a colaboração de Andréa Estevão. Companheira de inúmeros trajetos e trajetórias de vida e carnavalescas.

Andréa Estevão é doutora e mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ.  Membro do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação da UFRJ. Pesquisa o Carnaval de Rua Carioca, Culturas Urbanas e Produção Audiovisual. Jornalista na área de crítica cultural e roteirista do documentário “Memórias de uma Odisséia Carnavalesca”(2022). (link abaixo)

Recupero aqui uma memória que faz parte da introdução da sua tese de doutorado e que, não por coincidência, vem ao encontro do enredo do bloco carnavalesco Meu Bem, Volto Já! Bloco que recupera, neste carnaval, um episódio da vida de Oswald de Andrade, mestre do modernismo e autor do Manifesto da Poesia Pau Brasil que, em 2024, comemora 100 anos da sua publicação.

Por essas coincidências que nem sempre tem uma explicação racional Oswald, paulista banhado desde criança no rio Tietê, morou, em 1939/40 no Edifício Tietê, no bairro do Leme, no Rio de Janeiro. Como pontuou, recentemente, um amigo do blog, Oswald saiu de São Paulo, mas São Paulo não saiu dele!

Nessa recuperação de lembranças, que funciona, também, como mini-bio momesca e  como “credencial” para participar desse blog, segue, abaixo, a lembrança narrada, da nossa nova colaboradora, Andréa Estevão:

Mas o carnaval também chegou por outras vias, mais abstratas, mas não menos sedutoras. Aos 15 anos, me arrebatei com a potência dos Manifestos Pau Brasil e Antropofágico, nas aulas de literatura – estética e política combinados para transformar, para elaborar um projeto de Brasil de delicadezas e potencialidades. Foi nessa ocasião que ingressei no grêmio de um colégio tradicional religioso, da zona sul da cidade, espaço em que tive a oportunidade de participar de um grupo de teatro, o “Sob liberdade condicional”, com um professor que havia feito parte de uma companhia teatral orientada por Zé Celso Martinez Correa, e, também, do Tá na Rua, do Amir Haddad. A verve dionisíaca, o carnaval e a rua me foram apresentadas e assumidas como via de abertura, instâncias de articulação e criação. A fina ironia do destino fez reverberar na minha trajetória, a máxima oswaldiana:

“Não fomos catequizados, fizemos Carnaval”.

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A alegria é a prova dos 9!

Samba do carnaval 2024 do bloco Meu Bem, Volto \Já!
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PANTA REI: O BLOCO DA VIRADA, FLUINDO!

Jorgito Sapia

Assim como os baianos, os gregos tomavam seu tempo para contemplar o universo e tentar responder às dúvidas existenciais. Heráclito, por exemplo, considerava que tudo é passageiro, tudo flui, Panta Rei. A metáfora do rio explícita essa mudança: não é possível banhar-se no mesmo rio duas vezes. É isso que explica Lulu Santos quando canta que “nada do que foi será de novo, do jeito que já foi um dia…”

No Rio de Janeiro podemos entender essa ideia do mundo nas transformações que orientaram as diversas formas de comemorar a passagem do ano. Quando aqui cheguei, em meados da década de 1970, a festa de Réveillon na praia de Copacabana era marcada por forte presença religiosa de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. A noite do dia 31 de dezembro nas areias de Copacabana era de confraternização, oferendas e tambores. Essa celebração a Iemanjá foi sendo deslocada por outras formas de festejar até seu quase total apagamento.

No final da década de 1980 a queima de fogos de artifício começa a mudar as formas de comemorar o Réveillon. O ponto alto, naqueles anos, era a cascata de fogos que descia pelo prisma lateral da Avenida Atlântica do Hotel Le Méridien, hoje Hotel Hilton.   

Os anos de 1990 anunciam a chegada das caravanas da Igreja Universal do bispo Macedo e a ocupação as areias da princesinha do mar pelos fiéis seguidores do bispo. Esa nova ocupação acendeu o sinal de alerta da polícia e da secretaria de saúde do estado, que tiveram que reforçar seus protocolos na intenção de prevenir o que, se imaginava, pudesse derivar num conflito, de proporções bíblicas, entre os celebrantes dos cultos de Umbanda e Candomblé e os fies da Igreja Universal. Lembro de um culto, multitudinário, pré Réveillon, que o bispo organizou na praia, na esquina da rua Prado Junior. A PJ era considerada rua do pecado e moradia do demo, tamanha a quantidade de inferninhos a ocupar o logradouro. O embate, naquela tarde noite, foi direto, olho no olho, entre o bispo e demônio que estava, segundo informavam alguns mais achegados, placidamente concentrado a espera do carnaval.

Há quem diga que o show pirotécnico que predomina hoje teria sido uma forma de homenagear os 2000 anos da invenção dos fogos na China. O fato é que, desde então, se observa uma multidão que espera ansiosa, o pipocar das, hoje, 15 toneladas de fogos espalhados nas 10 balsas fundeadas nas águas da praia de Copacabana. O espetáculo de luz e cor se confunde com os uivos de surpresa e admiração e com o espocar das rolhas de champagne e espumante consumidos pelos celebrantes.

Mas, se esse é o cenário ao qual meus olhos e ouvidos se acostumaram nos últimos 20 anos, neste último réveillon “a novidade veio dar à praia na qualidade rara” de cortejo. Antecipando o início, tanto do carnaval não oficial, quanto do carnaval oficial, milhares de foliões desfilaram pelas ruas da zona sul da cidade entoando um repertório de diversas procedências musicais e que, na certa, em algum momento cantou “Chegou o General da Banda, he, he”, música imortalizada pelo Blecaute e composta pela parceria José Alcides, Satiro de Melo e o Tata Tancredo Silva. O Tata, ensina Luiz Antonio Simas, foi fundador da Confederação Umbandista no Brasil e responsável, na década de 1950, pela invenção da tradição de celebrar Iemanjá na praia de Copacabana.  

Pelo visto, hoje, os fogos não seduzem tanto a tantos, quanto seduz a música que se espalha a cada dia mais pelas ruas da cidade.

Se é verdade, como quer Heráclito, que tudo passa, tudo sempre passará, permito-me ver nessa nova ressignificação do réveillon na cidade, agora com a marca de glitter e purpurina, aquilo que o Lulu Santos antecipara em Tempos Modernos:

Eu vejo um novo começo de era/ de gente fina, elegante e sincera…

Evoé!

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Desenrolando a Serpentina 2023

O carnaval se ancora num modelo de liberdade e uso da rua, de pertencimento do folião pela identificação com os bairros, as linguagens e a identidade das agremiações. Mas, ao longo da História, conforme o movimento cresce, o poder público vai estabelecendo circuitos oficiais, como modelos de carnaval. Afinal, que corpo encantado é esse e de quem é essa rua?

Mesa 1: Corpos Políticos e Carnaval Livre – 15h30 às 17h30
De quem é a rua? Essa pergunta se impõe ano a ano, em todas as cidades. O carnaval é um território livre. E, além do território geográfico, há os corpos que se manifestam como territórios individuais. Eles se tornaram a fantasia, forma de protesto, veículo de pautas sociais. O que vem acontecendo nessa rua?
Tomás Ramos – Ocupa Carnaval
Raquel Poti – Pernalta e Bloco da Terreirada
Jessica Queiroz – Bailarina e coreógrafa do Bloco Amigos da Onça
Alessa – Comissão Feminina de Carnaval de SP e coletivo Arrastão dos Blocos de São Paulo
Thais Haliski – Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo
Mediação: Andrea Estevão

#sebastiana #meubemvoltoja #riodejaneiro #carnavalderua #blocosdorio

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O que os olhos não veem o coração sente.

Acordei, sobressaltado, com batidas na porta da frente. É o tempo, pensei, lembrando da belíssima música de Aldir Blanc. Naquele momento, preferi lembrar do Aldir e não do Chico, que assinou, como Julinho da Adelaide, uma canção icônica do tempo das trevas, Acorda Amor.   

Era zeladora do prédio, portadora de um comunicado da administradora. Recebi, assinei, abri o envelope e li. O comunicado informava que qualquer problema que, eventualmente, os moradores “possam vir a ter com a vizinhança, era necessário ligar para o 190”, telefone da polícia militar.

Não entendi bulhufas e, claro, paranoia obriga, fiz um esforço por lembrar de alguma coisa que eu tivesse aprontado no prédio. Rapidamente despachei essa ideia, afinal, não sou o personagem retratado por Paulinho do cavaco na música O condomínio.  

Para afastar essas elocubrações musicais voltei pro banheiro para cumprir o ritual o asseio pessoal. Depois disso fui pra cozinha, coloquei água pro café e, enquanto aguardava a água ferver, reli o comunicado e não atinei sobre o que estava em jogo. Só ficou claro que a administração lavava suas mãos e, seja lá qual fosse o problema era da alçada da PM.

Com o primeiro gole de café chegaram vários avisos sonoros na caixa do WhatsApp. A Rádio corredor já tinha feito as apurações necessárias e queriam confirmar o furo. Sem trocadilhos por favor.

Rádio corredor fechando a pauta.

A primeira mensagem veio na forma de uma concisa pergunta: você sabia que tem um puteiro na casa ao lado? A segunda colocava uma certa dúvida: Parece que tem puteiro na área. Respondi afirmativamente à primeira e compartilhei a mensagem com o resto. Uma primeira resposta veio com a rapidez da curiosidade: da janela da tua cozinha dá para ver? Respondi que não! Gente, entre a minha janela e casa de saliência existiam duas casas, a primeira, cuidada por um cão que tira o sono do vizinho que tinha conseguido o furo.  A segunda que ostentava uma enorme bandeira do Brasil que foi sendo, aos poucos, arriada e que, pelo visto, levando em conta a forma como foi desgovernado o pais nos últimos anos, o puteiro poderia ser considerado um adendo do Palacio do Planalto em tempos do inomeável.

A existência do Bataclã foi a primeira informação concreta que tive vizinhança. Explico, assim que cheguei, encontrei um velho amigo das areias de Ipanema, o uruguaio. Ele mora a quatro casas de distância do meu prédio. Quando fui visitá-lo, entre uma taça de vinho e outra, me deu o serviço completo. Bem que tinha chamado minha atenção ver tantos carros estacionados na grande curva na subida da rua Jaguaribe. A rua, que tem uma extensão de pouco mais de 1,5 km, não registra muitos carros estacionados. Todos concentram no cotovelo da curva, de onde se vê um portão, permanentemente aberto, como a convidar os passantes.  Da entrada do portão à recepção há uma ladeira uma ladeira muito íngreme. Sempre que passo lembro da ladeira da Preguiça, em Salvador. Acho que por isso nunca cogitei visitar o rendez-vous. Pensando aqui que devo considerar, seriamente, me matricular na academia.

Permitam-me uma digressão. Faz algum tempo, meu amigo uruguaio me convidou para um churrasco na sua casa e pediu para convidar meu vizinho de prédio, gaúcho, com laços parentais na República Oriental, apreciador de churrasco e o responsável pelo furo. Como estava subindo a serra enviei os dados da residência por mensagem de texto e indiquei o nome do pequeno condomínio, Shangri-lá. Expliquei que “na cidade do paraíso pacífico” o portão estaria aberto e que a subida, na certa, ele encarava. E não é que errou o endereço! Contou, quando finalmente chegou, que viu a subida, na casa ao lado e a encarou.  Ao chegar no topo, arfando, foi recebido por uma moça super solicita e ele, sorrindo, levantando a mão direita para mostrar o embrulho que carregava, emendou, trouxe as linguiças pro churrasco. Quando finalmente entendeu que ali, a carne no ponto, tinha outras características foi recuando se desfazendo em mil desculpas pelo erro.

Pois bem, voltando ao relato principal. A rádio corredor já sabia que não era essa casa de encontros fortuitos que estava na mira dos moralistas, senão de outra, muito mais próxima, de fato, colada com nosso prédio. Bem que tinha notado uma movimentação inusual numa rua sem saída como a nossa. De fato, mais de uma vez vi umas moças saindo da casa na hora do almoço.  Lembrei de ter visto uma delas, de shortinho amarelinho, e com um telefone na mão perguntando ao seu interlocutor, se a quentinha era boa.  Quando vi a cena pensei, canalhamente, nessa quentinha eu também vou! Se minha filha, a feminista, descobrir esses pensamentos que denunciam o patriarcado, é bem capaz de recusar minha herança.

Já tem uma semana dessa história e nada de anormal aconteceu a não ser a mudança da família do primeiro andar.  Casal de evangélicos que ostentavam na porta uma placa com a seguinte informação: Nesta casa servimos ao Senhor. Nessa eterna luta entre o bem e o mal, ficou a família do outro vizinho, apreciador de Rock & Roll e em cuja porta é possível observar uma bela imagem com a oração de São Jorge guerreiro!  

A administradora, fiel a sua conduta de não atender reivindicações dos condôminos, fingiu não ter ouvido a consulta de um morador que queria saber se a taxa do condomínio dava direito a desconto na casa comercial que funciona colada ao prédio.

Também fez ouvidos de mercador ao abaixo assinado, com seis assinaturas, que reivindicava a mudança no nome do prédio de Chalês dos Mirantes para Chalês dos Participantes.  O tempo dirá as mudanças que o futuro trará.

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Meu bem faz 30 anos. A alegria é a prova dos nove!

Bloco Carnavalesco Meu Bem, Volto Já!

Prezados foliões, o tempo passa e a alegria continua. Em 2024 o bairro do Leme vai comemorar 130 anos de sua fundação. O Brasil, de Oswald de Andrade, comemora 100 anos do Manifesto Pau Brasil. Oswald, comunistão, depois do seu encontro com Luís Carlos Prestes e já casado com a pintora e poetisa Julieta Bárbara Guerrine (1908-2005), viajou para o Rio de Janeiro em 1939 e foi morar no Leme, no edifício Tietê. Vamos combinar que paulista que se preze não poderia morar em outro lugar.

Pois é, motivos para comemorar temos. Vamos acrescentar mais um: em 2024 foi fundado nosso bloco. O lançamento do bloco e da camiseta, assinada pelo querido Elso Arruda, foi realizado no quiosque da rua Anchieta com uma roda de samba memorável. Vamos colocar aqui os poucos registros que temos de uma época na qual não existiam smartphones, só fixo e orelhão! Caiu…

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Barrios de Buenos Aires. Parque Chas.

Esta galeria contém 10 fotos.

Parque Chas es uno de los barrios en los que está dividida la ciudad de Buenos Aires. Sua característica principal e seu traço identitário é a existência de ruas circulares com nomes de cidades europeias que conformam uma espécie de … Continuar lendo

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Energia Soberana. Ernesto Pires e Jorgito Sapia

Ernegia Soberana, Ernesto Pires e Jorgito Sapia
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Bloco Carnavalesco Meu Bem, Volto Já!

“Memórias de uma odisseia carnavalesca” é o título do curta metragem sobre a trajetória do bloco de carnaval “Meu Bem, Volto Já” que lançamos hoje no canal “Histórias e músicas do carnaval carioca” no YouTube.
Tô passando por aqui pra convidar todos vocês para assistirem. É só clicar aqui e aproveitar: https://youtu.be/VIm1Qjkn4z0
Boa sessão!

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